16 dezembro 2006

Nus ao vento


Estar nus ao vento e brincar com a tua pele
Deixar-se beijar pelo mar,
pela chuva, pelo orvalho,
pelos humores de uma noite quente de verão
Fazer um manto com a lua
que brinca entre as árvores
E quando o sol subir ao céu
derreter no teu quente suspiro...

Khalil Gibran

15 dezembro 2006

Valores


Se há coisa que me deixa fora de mim é a falta de certos valores. Seja por parte de quem for, não importa a idade, "status social", profissão,... Não consigo aceitar a arrogância, a falta de humildade, de bom senso, a mentira, a injustiça,... Infelizmente essa falta anda por aí e, pelos vistos, angariando cada vez mais contribuintes para o grupo. Como pode ser concebível, em pleno século XXI, seres que se dizem (orgulhosamente) racionais terem determinadas atitudes? Como não se olha a meios para atingir os fins? Será que ainda estou na pré-história e não me apercebi? Será que estou desfocada no tempo? Será que estou no meio de um pesadelo e entretanto vou acordar? Talvez seja isso... não tarda nada vou acordar e dizer "Tive um pesadelo terrível! Mas ainda bem que acordei e vivo neste planeta cheio de paz, harmonia, compreensão e justiça."

Tenho esperança de acordar... e de viver...

10 dezembro 2006

06 dezembro 2006

Pigmalião (uma lenda de que gosto muito)


Afrodite, deusa do amor e da beleza, era adorada por todo o povo de Chipre, porque tinha feito da ilha o seu reino. O jovem rei de Chipre, Pigmalião, dirigia as cerimónias no seu templo, mas, sendo ao mesmo tempo rei e sacerdote, era também um hábil escultor.

Pigmalião procurara muito tempo em vão por uma esposa cuja beleza correspondesse à sua ideia da mulher perfeita. Esta busca era desanimadora, porque à sua volta, Pigmalião só via casamentos desastrosos.
Pigmalião
resolveu, então, nunca se casar, e gastou o tempo e o amor que sentia dentro de si esculpindo as mais belas estátuas.

Era tão forte a inspiração que parecia que um poder mágico lhe guiava as mãos sobre o mármore. E fez a estátua de uma mulher tão perfeita que o próprio Pigmalião se apaixonou perdidamente por ela. O seu amor aumentou dia a dia, e adornou a estátua com belas jóias e grinaldas de flores. Mas a figura de mármore continuava fria às suas carícias.

Aproximava-se o dia da festa de Afrodite. Toda a cidade saiu para a rua e vieram pessoas de todas as partes da ilha para levar oferendas ao templo. Juntamente com elas, Pigmalião ajoelhou-se perante a deusa que servira com amor e pediu para lhe conceder o maior desejo do seu coração: dar vida à estátua.

Embora não tivesse recebido resposta, voltou para casa cheio de esperança, mas também com medo do que ia encontrar. Na oficina, a bela estátua parecia tão inanimada como dantes. Estava parada e fria, olhando em frente com os olhos vazios. No seu desespero, Pigmalião abraçou-a e beijou-a apaixonadamente. Depois, desiludido, deitou-se aos pé dela e adormeceu.

Pela madrugada, Pigmalião começou a sonhar. Voltava novamente da cerimónia, ficava em frente da estátua, e beijava-lhe outra vez os lábios frios. Mas desta vez tudo foi diferente. Quando tocou a estátua sentiu o calor da vida percorrer o mármore branco da escultura. Avançou lentamente e procurou ver o seu amor correspondido naqueles olhos azuis. Dois braços estenderam-se para ele, e abriu os olhos ensonados.

No seu redor, a confusão de pedras e ferramentas, estátuas começadas e objectos de talha, continuava como dantes. Mas qualquer coisa mudara. No sítio da bela estátua, uma linda rapariga inclinava-se amorosamente para ele, tal e qual como acontecera no sonho.

(Adaptado)