18 fevereiro 2008

Momento literário I


Gozo e dor

Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura

De que me enche o teu amor?
Não. Ai não; falta-me a vida;

Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.

Dói-me alma, sim; e a tristeza

Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.

É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida ou a razão.

Almeida Garrett

1 comentário:

Anónimo disse...

bem vinda