16 fevereiro 2006

À MORTE


Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E, como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!

Florbela Espanca

4 comentários:

naoseiquenome usar disse...

Há quem sustente que esse é o momento mais sublime da vida.
Não sei.
Julgo que quando soubermos não teremos oportunidade para o transmitir ...
Mas entretanto, ainda que encantados, ou pior, desencantados, é preciso VIVER!
Um beijo.

rosa do deserto disse...

naoseiquenomeusar
há certas coisas que simplesmente se sentem, não se conseguem transmitir...
E concordo que duma maneira ou de outra é preciso viver... Tentamos que seja da melhor forma :)

girl disse...

A Florbela Espanca sofreu demais, coitada. Teria-lhe feito bem uma dose de "boa onda", uns copos com os amigos e tal... Nem tudo na vida é assim tão mau...

rosa do deserto disse...

sldance

concordo contigo. Há que viver a vida e aproveitar os bons momentos. A rapariga ligou-se demais à "fossa"...