24 setembro 2008

"Filhos de Putagal"


«A Educação portuguesa já não existe, desapareceu faz alguns anos, deve ter certamente emigrado ou tirado umas férias económicas depois de ser abruptamente despedida e exilada do país. Educação que pelo menos dava uma réstia de esperança para quem ainda ousasse pensar. No seu lugar temos agora uma boa formação, formatada a seus pares, que já por sua vez perderam qualquer honra e orgulho. Esta formatação vê-se espalhada pelos cargos mais abonados da gerência portuguesa, categorias excelentes, vinculadas pela integridade e boa formação, ou não parem eles de se auto promoverem, não vá alguém se esquecer ou ter um momento esporádico de lucidez. Mas não só nos altos cargos param estas excelências produzidas, em todo lado já se pode encontrar iniciados nesta nova disciplina.

Hoje como sabem para desviar a atenção de mais uns quantos assuntos que convem abafar, fala-se sobretudo nas questões da política de educação, é moda, e além disso é necessário para criar a fricção necessária para justificar a sua mudança. Fala-se de mudanças no ensino, reformas para reformar a reforma anterior, políticas de gestão interna, atribuição de cargos a excelências doutas de grande saber e discernimento, avaliações por comissão, entre outras por demais já faladas em muitos locais. É também de conhecimento geral que o estado da profissão se encontra desfeita sobre uma incalculável pressão de comissões organizadas para o efeito, não é novo para quem sabe do que falo, e sabem como funciona. Publicamente hostilizam a favor de éticas e morais produzidas, falácias sociais para enganar os mais embrutecidos, ou seja, máquinas de manipulação da opinião pública, juntando-se os cobardes e vendidos da profissão, os que lambem as botas ou pior, e por fim uma cambada de deixa andar, armados em galinhos da índia. Por assim dizer são estas as massas que perfazem o sector profissional de qualquer profissão portuguesa, não excluindo os professores.

É notável que os que restam se manifestem, que se unam, que façam todo o possível para vencerem o descrédito a que estão a ser submetidos, é louvável terem coragem de mostrar a cara e o número do BI quando solicitado, mas que infelizmente de nada adiantará pois as “maiorias”, que neste país democrático é o que conta, são quase todos desprovidos da bem dita espinha dorsal que faz o Homem caminhar de pé, assim, curvam-se bem curvadinhos às promessas dos superiores, furam as greves e planos dos colegas, denunciam as intenções de boicotes e obedecem cegamente por medo e cobardia não assumida às ordens dos ministérios.

Por acaso pequenas almas queixosas, daqueles que se amedrontam e se vendem, já alguma vez pensaram que são os principais culpados pelos males da vossa profissão e do estado da vossa terra? A resposta é simples e clara e vocês sabem qual é.

Sendo assim, os professores, juntam-se agora a todas as outras profissões executivas, bem formatadas com coleira bonita e bem apertada, estimulados pelo reflexo de Pavlov disfarçado sobre a crença do profissional ambicioso e bem intencionado, ou não sejam eles ainda uma pedra no sapato de algum grupo multinacional que queira vir cá oferecer empregos de limpa pias aos portugueses.

Realmente a Educação é um dos pilares sociais que ainda dá algum trabalho aos dirigentes, precisamos mudar isso obviamente pensam eles, pessoas que tenham opinião divergente sao infelizes, pessoas que pensem, devem chegar certamente a conclusões que as deprimem, além disso, pessoas que discutam e questionem nunca vão aceitar as políticas governamentais. É necessário por isso abandalhar de tal forma o caminho dos novos de amanhã para que seja possível criar assim um excelente domínio sem qualquer hipótese de argumentação ou discussão, os novos, vão aceitar sem questionar e até sem se importar com qualquer coisa que os governantes lhes apliquem.

Houve outrora tempos em que a educação não tentava criar delinquentes, desobedientes às regras familiares, eticamente instáveis e livres de qualquer regra moral social. Hoje, temos verdadeiros exames de burrice, facilitismos estupidificantes, faltas de comportamento recompensadas em plena escola, desrespeito livre de qualquer castigo, no fim, saem "adultizados", sem dúvida aptos para o mundo, fortes e intelectualmente seguros, dotados de um vocabulário digno de assustar qualquer um, existem sem reclamar, agem sem pensar, comem e alimentam-se da publicidade barata e concursos televisivos, exibem os vários diplomas que adquiriram, vivem com medo da criminalidade que anda solta por ai, grunhem selvaticamente nos jogos de futebol e depois de uma boa cerveja de lata, até exercem o seu direito de cidadão informado e assinam numa exímia riqueza literária o boletim de voto.»

Excerto retirado de um texto bem maior. Para quem quiser ler tudo é só ir aqui.

2 comentários:

Andreia disse...

É bem verdade!

mfc disse...

Vivemos num país agachado!