09 maio 2013

Dia da espiga

Hoje é o dia da espiga. Em pequena adorava este dia. Ainda adoro, mas a vida de adulto é diferente... Não há a liberdade mental e emocional, com a mente desimpedida de preocupações, como na infância que tornavam estes dias tão especiais. Seja como for, adoro o dia da espiga. Quanto mais não seja ficam as recordações. Tenho tão boas recordações deste dia...

Lembro-me da alegria de sair com a professora e colegas, ou com a minha mãe em busca de um raminho de flores / plantas do campo. Lembro-me da temperatura agradável que se fazia sentir. Lembro-me da alegria que era estar no campo e poder desfrutar daquele ar puro, ouvir os sons próprios do local, tudo natural, sem nenhuma intervenção antrópica. Não havia sinais de prédios, indústrias, barulhos, não havia poluição (na agricultura ainda se utilizava estrume, na maior parte dos casos). Era campo, no seu estado mais puro.
A minha mãe gostava muito de fazer este tipo de atividades comigo. Eu também adorava, claro. Por um lado das atividades em si, por outro tinha a minha mãe comigo e sentia-me feliz e segura. Ela estava ali se me acontecesse alguma coisa. A minha mãe apanhava (e ensinava-me a apanhar) as plantinhas mais bonitas para fazerem parte da minha "espiga" (chama-se assim o tal raminho com as plantas do campo) e ensinava-me quais eram as que deveriam fazer parte do raminho. Sim, havia algumas "obrigatórias" que deveriam constar. Também me ensinava-me o nome delas. Já em casa, a minha mãe fazia um raminho, pequenino, muito bonito para poder guardar ao longo do Outono e do Inverno. Talvez com uma simbologia qualquer, como dar proteção ou transmitir boas energias, mas essa parte já não me lembro.

Recordar certos episódios da infância é tão bom. Por uma lado sou uma saudosista. Por outro, como defensora do ambiente, é bom recordar estes episódios em que, apesar de se apanhar algumas plantitas (algumas já estavam secas, pois era assim que deveriam constar no ramo), não havia destruição da mesma nem sequer maus tratos a qualquer ser vivo. 

A "espiga" ficava guardada durante as estações mais frias. Até que se deitava fora (creio), passava mais um ano e chegava novamente o "dia da espiga" e repetia-se o ritual...


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