23 abril 2006

Kalil Gibran

Descobri Kalil Gibran, recentemente, através de um amigo. O seu nome completo era Gibran Khalil Gibran, nasceu a 6 de Dezembro em Becharre, no Líbano, em 1883 e faleceu em Nova Iorque em 1931. Dedicou-se à pintura mas ficou conhecido como escritor. Em Boston, Gibran escreveu poemas e meditações para Al-Muhajer (O Emigrante), jornal árabe publicado naquela cidade. Com um estilo novo, cheio de música, imagens e símbolos, foi-lhe atraída a atenção do Mundo Árabe. Desenhava e pintava numa arte mística que lhe era própria.
Inicialmente Gibran escrevia em árabe, chegando a editar vários livros nessa língua. Mais tarde, deixou, pouco a pouco, de escrever em árabe e dedicou-se ao inglês, no qual produziu oito livros: 1918, O Louco; 1920, O Precursor; 1923, O Profeta; 1927, Areia e Espuma; 1928, Jesus, o Filho do Homem; 1931, Os Deuses da Terra.
Ficou conhecido como um louco, para uns, como um sábio, para outros, como um místico, para outros ainda... Talvez uma mistura de todos... Quanto a mim, deveria ser alguém com muita sabedoria e "muito à frente" para a época...
Já li "O Louco" e adorei! É um livro muito pequenino e lê-se muito rapidamente. Deixo aqui o primeiro texto do livro, que se chama, precisamente, "O louco"...

Sabem como fiquei louco?
Há muito tempo, muito antes de terem nascido os deuses, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas.
As sete máscaras que tinha fabricado meticulosamente tinham desaparecido.
Sem nenhuma máscara saí para a rua cheia de gente a gritar: Ladrões! Malditos ladrões!
Todos se riram de mim, mas alguns fugiram e fecharam-se em casa com medo.
Quando cheguei à praça principal uma criança que estava sobre o telhado de uma casa gritou: “Olhem é um louco!”
Voltei a cabeça para o ver e pela primeira vez o sol encontrou o meu rosto sem máscara.
O sol iluminou ao mesmo tempo o meu rosto e a minha alma.
A partir desse dia nunca mais usei máscara, e agora agradeço todos os dias ao ladrão que me a roubou.
Agora que já sabem como me tornei num louco, posso confessar-lhes que encontrei muita liberdade e segurança na minha loucura.
A liberdade da solidão e a segurança de nunca ser compreendido (aqueles que nos compreendem fazem de nós escravos).
No entanto sei que não posso orgulhar-me demasiado da minha segurança, pois nem o ladrão encarcerado está livre de encontrar outro ladrão.

4 comentários:

Hindy disse...

Bonito!
Beijocas

AnaCristina disse...

Adorei o texto.
Considerando que ia postar sobre máscaras, vou deixar para amanhã e saborear este pequeno texto... porque neste momento, ele me "está a bater com força"!
Kiss...

maktub disse...

pergunto quem será o verdadeiro louco, o que vive a sua vida da forma que entende correcto defendendo os seus principios e atitudes, mas sendo feliz?
ou aquele que simplesmente pretende copiar os outros para ficar bem com uns poucos, sem tentar nunca ser ele próprio?

Anónimo disse...

eu tinha a vaga impressao que ele tinha nascido no dia 6 de janeiro :|