25 abril 2006

Um poema que adoro...

NÃO TE AMO

Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett, Folhas Caídas, 1853

10 comentários:

maktub disse...

Não conhecia este poema .. muito giro, será sempre este um dos grandes dilemas amar e/ou querer.

Hindy disse...

Bonito! :)
Bjs

aqui-há-gato disse...

Se o achas com essa força toda...

um segredo:)
às vezes temos a necessidade de não amar, e apenas querer...

Sinto isso muitas vezes:)

o beijo

Mónica Lice disse...

Gostei de passar por aqui!:)

Ivone Medeiros disse...

Lindo poema.

:)

Politikus disse...

Adoro este poema. è um poema forte, que por vezes até magoa...

Quimera disse...

Também não conhecíamos este poema de Almeida Garrett, por isso obrigado por partilhares connosco!
Reparamos que gostas da Melanie C..só pa informar que no próximo dia 6 de Maio ela vai estar em Coimbra, na Queima (provavelmente já sabias)!

papoilasaltitante disse...

Garret!!! Tenho um trauma com as Viagens na Minha Terra!!! Mas este poema é realmente muito bonito!
Beijos

AnaCristina disse...

Que bonito!
Não conhecia...
Obrigada

Anónimo disse...

Passei por aqui para conhecer o seu blog e fiquei muito feliz com o que encontrei aqui . Voltarei sempre ! Meu carinho para você .