NÃO TE AMO
Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
Almeida Garrett, Folhas Caídas, 1853
10 comentários:
Não conhecia este poema .. muito giro, será sempre este um dos grandes dilemas amar e/ou querer.
Bonito! :)
Bjs
Se o achas com essa força toda...
um segredo:)
às vezes temos a necessidade de não amar, e apenas querer...
Sinto isso muitas vezes:)
o beijo
Gostei de passar por aqui!:)
Lindo poema.
:)
Adoro este poema. è um poema forte, que por vezes até magoa...
Também não conhecíamos este poema de Almeida Garrett, por isso obrigado por partilhares connosco!
Reparamos que gostas da Melanie C..só pa informar que no próximo dia 6 de Maio ela vai estar em Coimbra, na Queima (provavelmente já sabias)!
Garret!!! Tenho um trauma com as Viagens na Minha Terra!!! Mas este poema é realmente muito bonito!
Beijos
Que bonito!
Não conhecia...
Obrigada
Passei por aqui para conhecer o seu blog e fiquei muito feliz com o que encontrei aqui . Voltarei sempre ! Meu carinho para você .
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